RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS



Texto: Tiago de Matos Alves

Os cultos afro-brasileiros são assim denominados por conta da origem de seus principais portadores, os escravos traficados da África para o Brasil, além do motivo de que até meados do século XX funcionavam  como ritos de preservação da cultura dos diferentes grupos étnicos negros que formavam a população dos antigos escravos e seus descendentes.

CANDOMBLÉ:

O Candomblé tem como finalidade a interferência concreta do sobrenatural no mundo presente, mediante a manipulação de forças sagradas, a invocação das potências divinas e os sacrifícios oferecidos às diferentes divindades, os chamados orixás. O Candomblé é politeísta, acreditando na existência de uma pluralidade de deuses, com diferentes poderes e múltiplas funções na vida humana, além de particularidades nas exigências a seus adeptos. Juntamente com a umbanda, o candomblé representa o melhor exemplo de politeísmo que temos no Brasil.

Cada pessoa tem seu Orixá, pertencendo a um Deus determinado, a quem pertence sua mente e cujos traços de personalidade e tendências de comportamento herda e procura imitar. Podem ser qualidades, mas também defeitos, pois nenhum orixá é totalmente bom ou mau. A pessoa conhece qual é o seu Orixá por meio do jogo de búzios, forma de atendimento pessoal que é uma das funções religiosas do babalorixá (pai-de-santo) ou da ialorixá (mãe-de-santo). Esta descoberta é fundamental no processo de iniciação de novos devotos e mesmo no atendimento aos clientes que procuram os serviços de adivinhação e previsão do futuro que são oferecidos pelo pai-de-santo no jogo de búzios.

Os orixás vieram da África com os escravos. Só que, enquanto na África há registro de culto de cerca de quatrocentos orixás, apenas vinte deles sobreviveram no Brasil. A cada orixá cabe reger e controlar as forças da natureza assim como certos aspectos da vida humana e social.

O Candomblé mantém as raízes religiosas, culturais e linguísticas africanas, não tendo sincretismo com outras religiões cristãs ou espíritas.

UMBANDA:

A Umbanda surgiu na década de 1920, no Rio de Janeiro, se espalhando em seguida pelo sudeste e pelas maiores cidades do Brasil. Se identificou como uma religião aberta a todos os brasileiros e não apenas aos afro-descendentes. A Umbanda se apresentou multiétnica, com uma forte presença de brancos em seus quadros, inclusive entre os pais-de-santo. Além disso, ela se destaca no grupo dos cultos afro-brasileiros por ter menor apego às marcas africanas tradicionais, preferindo pensar suas raízes como sendo mais brasileiras e não exclusivamente africanas, se diferenciando neste aspecto do Candomblé.  Dispensou de seus rituais o uso de idiomas africanos (o iorubá, o jeje e as línguas bantas, todas línguas utilizadas no Candomblé).

O culto aos Orixás é influência direta do Candomblé, existindo também uma associação destes com os santos católicos. Ex: Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes. O politeísmo umbandista é visto como uma alternativa de religiosidade popular num país majoritariamente cristão, formalmente monoteísta. A Umbanda tem também características espíritas bastante acentuadas. Nos rituais da umbanda "baixam" espíritos: espíritos de índios brasileiros (os caboclos), espíritos de negros escravos (os pretos-velhos). São os chamados guias, espíritos de gente morta. Há também trabalhos de descarrego de espíritos.

A  Umbanda pode ser considerada religião brasileira porque é a resultante de um encontro histórico peculiar do nosso país: o hibridismo cultural de diversas crenças religiosas africanas com as formas populares de devoção aos santos e à Jesus Cristo do Catolicismo, juntando com o hibridismo hindu-cristão trazido pelo Espiritismo Kardecista de origem européia, formando um sincretismo religioso originalmente brasileiro.

Em Cariacica temos a Fraternidade Tabajara, santuário localizado no bairro homônimo, que desde 1940 está presente na cidade e se consolidou como principal referência desta religião no município <http://www.fraternidadetabajara.org.br/>.

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